quarta-feira, 26 de abril de 2017

Tecnologia, Lei e Sociedade (2017.1) (26/04): "Mídia Social e Democracia"

Leitura:
Social media 'echo chamber' causing political tunnel vision, study finds
Your Filter Bubble is Destroying Democracy
Inside the social media echo chamber
How Social Media Created an Echo Chamber for Ideas
The social media “echo chamber” is real

Audiovisual:
Eli Pariser: Beware online "filter bubbles"
How Facebook’s Algorithm Makes Zuckerberg the Most Powerful Human in History | Oliver Luckett
Is social media changing democracy? | Wendy Hall
HLS Library Book Talk: Cass Sunstein's "#Republic: Divided Democracy in the Age of Social Media"
#Republic: Divided Democracy in the Age of Social Media

14 comentários:

  1. Achei bastante interessante a forma que Eli Pariser expõe suas ideias na palestra (https://www.ted.com/talks/eli_pariser_beware_online_filter_bubbles#t-12382). Mais interessante ainda é ver que essa palestra foi realizada em fevereiro de 2011. Eu, particularmente, não lembro de ter sequer notado essa “bolha de filtros” até o ano de 2015. Hoje, com certeza, essa bolha é muito mais visível. Por um lado, é bem interessante a forma que podemos ter exatamente o que queremos ler logo quando abrimos o computador. Isso significa menos tempo procurando algumas informações que, antes, podiam estar mais “escondidas” e, consequentemente, menos tempo naquela aplicação. Porém, isso tudo vai de encontro ao verdadeiro significado da ferramenta da internet (www), que é o acesso livre e fácil à informação. Tudo bem que essa quantidade excessiva de filtros não impossibilita o usuário de encontrar conteúdo diferente do que está acostumado, mas dificulta bastante e vai contra a democracia virtual.
    No artigo “Your Filter Bubble is Destroying Democracy”, fica bem evidente essa questão da falta de democracia virtual. O autor, Mostafa M. El-Bermawy, faz uma leitura interessante sobre como o post mais falado com “Donald Trump” no título sequer apareceu no feed de notícias dele. Estou longe de defender Trump, mas isso demonstra na prática como a bolha existe. Apesar de ser Trump, e principalmente nesse contexto de uma votação democrática, era importante que todos os estadunidenses tivessem um acesso fácil a informações sobre todos os candidatos. Não é só o acesso fácil, mas também o direito de VER essas informações que ficam fora da bolha de filtros.

    Outra coisa que me chamou atenção na palestra de Eli, foi o tópico de que a Google utiliza 57 sinais para identificar e praticamente aprender o ambiente do usuário para personalizar os resultados pesquisas. Eu acredito que nenhuma quantidade de filtros consiga identificar realmente o que o usuário realmente quer – às vezes, nem nós mesmos sabemos o que queremos.

    É engraçado que essa “bolha de filtros” já é um problema que foi identificado há algum tempo porém o que mais vejo é o avanço absurdo das tecnologias de filtros – Spotify quer adivinhar as músicas que eu gostaria de escutar, o Netflix quer descobrir quais filmes eu poderia gostar de assistir, o facebook quer saber qual corrente política eu sigo, entre outros – e de todos esses sistemas de recomendações.

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  2. Esse é um tema que acaba gerando uma controvérsia entre o acesso a uma rede totalmente livre e com todo tipo de conteúdo disponível a ser navegado e uma rede totalmente moderada por algoritmos limitando o usuário aos seus próprios interesses. De um lado temos uma ferramentas de busca como o Google que empenha todos os esforços para que, das bilhares de páginas relevantes a uma pesquisa, sejam entregues ao usuário as que realmente importam em primeiro plano. Mas por outro lado, os usuários acabam por lidar com essas ferramentas que quantificam e qualificam sua vida online, de forma totalmente imperceptível.
    Como exemplo, posso citar minha experiência própria com o Facebook (semelhante a um exemplo citado por Parisier), que a um tempo acabei deixando de lado devido a essa bolha que se forma e que me alimenta de conteúdos normalmente repetitivos. Devido a isso, perdi completamente o prazer de entrar e navegar, o que me faz crer que essa prática de algoritmos moderadores é completamente abusiva, mas que não deixa de ser essencial quando você tem realmente interesse em buscar algo, consumir algo preferível. Muitas vezes essa prática não é ruim e vem muito a calhar em sistemas de recomendações como Neflix, Amazon etc, onde o algoritmo utilizado não somente é baseado nos seus gostos mas em uma combinação de gostos semelhantes de vários perfis de usuários, o que acaba por expandir essa bolha além dos próprios interesses.

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  3. Desde muito cedo na história da humanidade a comunicação faz parte da evolução da nossa sociedade, de pinturas rupestres a papel e agora a internet. Nas ultimas duas décadas as nossas principais formas de comunicação mudaram por causa da internet. Conseguimos mandar e receber informações em uma velocidade incrivelmente alta, sem curadoria, e a baixo custo.
    É Cada vez mais fácil encontrar pessoas que pensam igual a você por mais espalhadas que elas estejam, as redes sociais procuram facilitar isso ainda mais com seus algoritmos. Contudo a condição humana de querer estar em um ambiente de conforto, acrescentado aos algoritmos nas redes sociais tem se mostrado uma receita perigosa.
    É muito claro como as redes sociais tem se tornado um ambiente extremista na discussão de assuntos polêmicos. Cada vez mais as pessoas que concordam entre si passam a ver apenas as opiniões associadas aquele grupo, fazendo com que opiniões diferentes passem a parecer aberrações e gerando muitos conflitos na rede. Tudo isso tem um impacto na política e na democracia. Vem se tornando mais difícil gerar debates construtivos, sem que o ódio acumulado pelo "isolamento das ideias" interfira.

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  4. As redes sociais provêm uma plataforma que de primeira vista propicia uma maior troca de opiniões e discussão de ideias. O que poderia oferecer uma forma de se obter consenso em relação a um assunto acaba criando uma maior polarização e até mesmo hostilidade entre as partes envolvidas. Usuários de redes sociais estão se tornando cada vez menos dispostos a discutir de uma forma construtiva com pessoas de opiniões diferentes, além de ignorar as opiniões diferentes que lhes são apresentadas, os usuários podem acabar bloqueando fontes de opiniões que eles não gostam, o que acaba criando o efeito de echo chamber.

    Echo chambers funcionam da mesma forma que uma câmara acústica de eco, no espaço que o usuário observa só é possível enxergar o seu ponto de vista que acaba sendo amplificado e reafirmado. O efeito da echo chamber é preocupante pois atualmente discussões são ganhas na base de quem tem mais likes e não de quem tem o melhor argumento, logo quem tem o maior número de seguidores e “grita mais alto” acaba tendo suas ideias melhor propagadas sejam elas corretas ou não.

    Essa grande polarização causada por echo chambers acaba sendo refletida de forma violenta no mundo offline, principalmente quando o assunto é política, o que pode ser observado em conflitos recentes entre “coxinhas” e “mortadelas” aqui no Brasil e “alt-right” contra “antifa” nos Estados Unidos.

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  5. No meu ponto de vista, vejo que a evolução de sistemas inteligentes baseados em aprendizado de máquinas e sistemas de recomendação têm ajudado bastante o usuário de sistemas computacionais comuns de dia a dia. O Google, por exemplo, faz isso muito bem. O sistema de buscas dessa empresa utiliza filtros e técnicas de inteligência artificial para tentar ao máximo possível ajudar ao usuário com as suas buscas. Quando se digita restaurante, por exemplo, o sistema ao invés de mostrar todos os restaurantes catalogados, ele faz uma seleção pela localização do usuário, por gosto, por vezes que o usuário já visitou aquele lugar e etc. Isso é muito conveniente na internet de hoje onde o número de sites ultrapassa 1 bilhão. Entretanto não se pode negar a existência de uma bolha na internet, onde a qualquer momento informações podem ser escondidas e com isso podem passar totalmente desapercebidas por milhões de pessoas.
    Interessante notar que, para aderir a serviços como Google, Facebook e etc, o usuário concorda com termos de serviço que, muitas vezes, dá o direto a essas empresas de fazer um monitoramento das atividades do usuário. Então, por exemplo, pode ser traçado um perfil de consumismo do usuário e propagandas personalizadas são mostradas. Hoje em dia, quem nunca fez uma pesquisa por algum produto online e percebeu que o Facebook ou o Google começaram a mostrar propagandas de produtos daquele mesmo gênero?
    A questão da bolha de filtros tem seu lado positivo e negativo. Por um lado, esses parâmetros que as grandes empresas da internet usam para personalizar a nossa experiência podem ser de grande valia quando nos ajuda a conseguir informações com facilidade, no meio do oceano de sites que é a internet. Por outro lado, informações relevantes podem a qualquer momento ser omitidas dos usuários, formando uma bolha de informações onde, muitas vezes, as pessoas nem sequer dão conta de que estão dentro de uma.

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  6. Estudar sobre esse tema me fez perceber que estamos vivendo em um momento crítico da sociedade moderna. A tecnologia finalmente tomou proporções absurdas e seus impactos nos levam a repensar muitas coisas. Para esse caso específico, é preciso relembrar o poder dos meios de comunicação na política e no discurso de grupos da população. E isso não é diferente para a Internet, sobretudo devido à sua capacidade de se manter sempre atualizada quanto aos eventos que ocorrem no mundo real. Neste contexto, apesar das finalidades benéficas e bastante úteis, filtrar o fluxo de dados é andar numa corda bamba que divide a ética e o comodismo. Assim como dito por Eli, é preciso que parte do controle dessa filtragem seja dada para nós, caso contrário estaremos fadados a um meio de comunicação sem diversidade de informações, uma característica essencial em uma sociedade democrática. Além do exemplo dos republicanos versus democratas, posso citar outro acontecimento recente que evidencia essa bolha. Os protestos que ocorreram no ano passado no Brasil tiveram uma cobertura da mídia bastante questionável. No ápice das manifestações, o que se via nas redes sociais era uma polarização generalizada, regada a discursos hegemônicos que mudavam pouco ou quase nada de boca pra boca. Me deixa preocupado o caminho que essa estrada vem levando, principalmente no empobrecimento do debate político e no "afunilamento" da visão política das pessoas.

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  7. Acho que realmente existem essas echo chambers e elas vem prejudicando bastante a pluralidade e a discussão de diversos temas políticos, religiosos entre outros. Tomando como exemplo a parábola da caverna de Aristóteles,podemos comparar as pessoas que estão dentro dessas echo chambers com os habitantes da caverna que veem as sombras e acham que aquela é a verdade absoluta, as echo chambers prendem as pessoas dentro da caverna e muitas vezes não as deixam sair por não expô-las a outras opiniões. Esse efeito está ajudando pessoas de mente fraca a serem influenciadas por besteiras e por mais que isso pareça pequeno, pode causar um grande impacto social, econômico e cultural.

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  8. Acredito fortemente que divergência é a chave para o progresso. As melhores coisas são construídas por pessoas diferentes, que pensam de forma diferente. Um dos maiores fatores que geram atraso social, na forma de pensar e muitas vezes na forma de legislação é achar que todos são (ou devem ser) iguais a mim. Nesse caso não me refiro a igualdade perante a lei, e sim de achar que porque eu não tenho problema X ou porque eu discordo de opinião Y que X é Y estão errados ou simplesmente não deve existir. Por experiência própria, e observando comportamento de terceiros, estar em contato com pessoas diferentes, que passam por problemas diferentes que os seus, e que pensam diferentes de você é essencial para que tomemos empatia pelos outros, e busquemos lutar para conseguir direitos para todos. Uma bolha social me parece ser um retrocesso capaz de fomentar o pensamento que minha opinião é a única certa, ao ver que aparentemente "todos" ao meu redor pensam assim também, o que pode vim a tomar proporções perigosas a medida que os assuntos se tornam mais impactantes, política sendo um deles. Se eu simpatizo com Trump, e todo o meu feed só me mostra coisas de simpatizantes de Trump, por que eu mudaria de opinião? Num meio (internet) onde parte do que lhe fez ser o que hoje é, foi a participação de pessoas com as idéias e opiniões mais diversas, ver essa trend de bolhas sociais entristece.

    Embora seja voltado ao tema do extremismo, o filme A Onda mostra como podem ser catastróficos os efeitos das bolhas.

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  9. Essa característica das mídias sociais, recentemente notada, é de fato algo a ser ainda mais estudado e analisado. Ademais, é preciso relembrar que as redes sociais objetivam também representar o ambiente real em que vivemos. Facilita e viabiliza maior agilidade na comunicação, mas precisa ser amigável ao usuário de modo que ele se sinta confortável. Isso é mais comumente alcançado através da utilização de elementos da vida real desse indivíduo e com conteúdo que o interessa.

    Usando essa linha de pensamento, se na vida real naturalmente nos associamos às pessoas que pensam de forma semelhante à nossa, não é de se espantar que no mundo virtual esse comportamento será repetido. Uma diferença é que não claramente notamos.

    Para potencializar os nossos ideais e pensamentos, nos utilizamos também de meios de comunicação e as mídias sociais hoje têm o maior alcance e impacto. Esses dois fatores são os mais gritantes. Obviamente que se fechar num grupo sem ao menos ouvir opiniões divergentes, é algo grave, mas isso pode ser mais facilmente contido em relação ao alcance. Exemplifico. Se uma pessoa tem um pensamento que desconsidera o bem dos demais e tem um alcance e impacto, pouco importa se ela está numa bolha ou não, outras pessoas serão atingidas direta ou indiretamente por aquele pensamento e sofrerão por isso.

    Daí posso tirar que o isolamento é um mal, mas que o alcance e o impacto de uma ideia podem também obter resultados catastróficos.

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  10. Acredito que as câmaras de eco(echo chamber) vem dificultando a pluralidade de opiniões e acima disso vem dificultando o debate construtivos de ideias opostas.
    Hoje em dia as discussões sempre acaba com a frase "de que lado você está?" hoje em dias é difícil ver debates em que duas partes mostrem suas opiniões sem que haja briga, pois as ideias das duas partes vem se fortalecendo dentro de suas respectivas câmaras e comunidades.
    Vejo que as redes sociais vem fazendo muito isso para que seus usuários fiquem mais tempo vendo aquilo que eles gostam, em consequência a isso formam indivíduos ignorantes, pois não conseguem conviver com ideias que contrapõe a sua.

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  11. O filtros na internet é um ponto muito interessante, pois ajuda realmente a personalizar a rede da pessoa que utiliza. O Google, Netflix, Youtube, Amazon faz muito bem o uso de filtros com os seus usuários. Um serviço que gosto bastante e que utiliza filtros, é o assistente pessoal da google, ele realmente é ajuda muito no dia a dia, fazendo recomendações de lugares próximos baseados nos seus gostos, mostra o trajeto para a casa etc. Um ponto levantado no vídeo de Eli Pariser, isso realmente nos envolve numa bolha e com isso não estaríamos de fato totalmente conectado à tudo, o que pode ser ruim para uns e bom para outros, pois nem sempre tudo interessa à todos. Eu vejo esses filtros de uma forma mais positiva do que negativa, já dá para perceber a evolução que teve de uns anos para cá e realmente facilita muito a vida da pessoa, com isso já leva conteúdo mais interessantes para as pessoas, mas quem realmente não quer que a sua rede seja uma "bolha", somente precisa desativar os serviços de filtros, essa poderia ser uma pequena solução.

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  12. A ocorrência das "echo chambers" é presente na sociedade desde seus primórdios, ao longo da história podemos ver vários exemplos de sua ocorrência, como alguns casos extremos pode se citar o período da inquisição, e até mesmo o antissemitismo promovido pelo partido nazista durante a segunda guerra mundial. À primeira vista pode parecer exagero relacionar esses acontecimentos às "echo chambers", porém ambos eventos decorreram de uma visão isolacionista em relação a pontos de vista, e opiniões diferentes. Atualmente vemos as "echo chambers" ocorrerem nas redes sociais, onde as pessoas por opção (deixando de seguir outras que tem opinião diferente, por exemplo), ou por algoritmos existentes nas redes sociais para mostrar apenas notícias e eventos voltados para o interesse da pessoa. É necessário para a formação de uma opinião saudável, que o indivíduo tenha acesso a meios de comunicações plurais, onde haja embate de ideias opostas, para evitar que, em casos agudos, esse isolamento causado pelas "echo chambers" deem espaço a extremismos.

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  13. Acredito que as echo chambers, apesar de piorar bastante a situação, não são as únicas culpadas pela falta de diversidade de pensamento das pessoas atualmente. Lógico que redes sociais propiciam esse tipo de ambiente, removendo por completo a possibilidade do usuário de sair dessas bolhas sem esforço próprio, mas o que vejo hoje em dia são pessoas que poderiam sair dessa echo chamber e que preferem continuar vendo as coisas de sua maneira. Acredito sim que esses ambientes devem ser combatidos mas, na minha opinião, não haverá muita mudança no cenário atual caso isso aconteça.

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  14. Acho importante ver sempre todos os lados envolvidos em algo, e assim poder tirar minhas próprias conclusões. Por um lado os filtros ajudam a melhor personalizar os serviços, pelo outro pode gerar bolhas e vejo perigo nessas bolhas pois muitas vezes nos levam a enxergar apenas um lado da historia, com isso podemos nos tornar menos flexíveis e aceitar menos as opiniões dos outros. Acredito que deveria existir mais transparência do que vem sendo filtrado e que o usuário fosse capaz de selecionar os serviços nos quais ele gostaria que existissem esses filtros.

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