quarta-feira, 5 de abril de 2017

Tecnologia, Lei e Sociedade (2017.1) (05/04): "Os Commons e a Produção Social"

Leitura:
Elinor Ostrom
Yochai Benkler
Tragedy of the commons
The Wealth of Networks

Audiovisual:
Tragedy of the Commons or The Problem with Open Access
Tragedy of the commons | Consumer and producer surplus | Microeconomics | Khan Academy
Garrett Hardin on the Tragedy of the Commons
Ending The Tragedy of The Commons
Book Talk: Yochai Benkler on How Cooperation Triumphs over Self-Interest
The idea of the commons and the future of capitalism / Yochai Benkler _Harvard Law School

16 comentários:

  1. Eu acho sensacional a discussão self-interest Vs collaboration. self-interest é uma ideia tão arraigada em nossa cultura, sociedade e crenças que é difícil de lutar contra. Alguns exemplos e respostas colaborativas para certos problemas parecem utópias. Mas acho que o ponto que Yochai Benkler mais ressalta é que devemos procurar criar mais ambientes que gerem colaboração e não ambientes que focam em self-interest.

    Acho que algo que pode ajudar muito são conceitos de gameficação, Jane Mcgonigal fala num de seus TEDs (https://www.ted.com/talks/jane_mcgonigal_gaming_can_make_a_better_world) seu conceito de que game designers são engenheiros de felicidade/engajamento e esse pode ser o diferencial, a criação de ambientes colaborativos mais engajadores.

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  2. Eu nuca tinha ouvido sobre o problema dos commons em sua forma estruturada, mas é algo que encontramos no dia-a-dia. A propriedade privada com certeza é uma das formas de sanar esse problema, mas eu acredito que existem sim outras formas que envolvam cooperação e criatividade, mantendo o espaço público. O Aquecimento global é uma das consequências dos problemas dos commons, que exemplifica o que disse Elinor Ostorm, quando falou que nem sempre existem soluções simples para problemas complexos. Às vezes as soluções tem que ser complexas também, o que não necessariamente significa que elas são inviáveis. Pesquisando sobre o problema dos commons, me deparei com um problema similar: The Prisoner’s Dilemma. Onde mais uma vez, pessoas podem agir por conta própria, buscando o ganho imediato que parece beneficiá-las, mas na verdade a opção melhor para todas as partes é a que existe cooperação. Em ambos problemas, o aspecto social pode ser/é usado como regulador. A conexão entre as pessoas, seus relacionamentos tanto 1 a 1 quanto 1 com o grupo tem poder proporcionar a cooperação, de fazer com que o indivíduo não pense só nele, mas sim no bem comum.

    The Prisoner's Dilemma: https://www.youtube.com/watch?v=t9Lo2fgxWHw
    Rational Choice Theory: Tragedy of the Commons: https://www.youtube.com/watch?v=lj_gLquca7Q

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  3. No problema das lagoas de pesca apresentado é dito que a escolha racional feita é que todos explorem o recurso comum de forma exaustiva. Essas conclusão só é a racional se você partir do pressuposto que a comunicação e coordenação coletiva é inviável, e pior que isso que indivíduos não são capazes de trabalhar pelo bem comum.
    Felizmente na área de TI temos vários exemplos do contrário. Hoje, existem milhares de projetos open source que viabilizam outros milhares de negócios. Sem a colaboração nem a industria de TI nem a tecnologia teria progredido tão rápido nos últimos anos. Como comentado pelos colegas a cima a teoria dos jogos prova com o dilema do prisioneiro que a longo prazo a colaboração é a forma mais efetiva de trabalho.

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  4. Como no vídeo retrata, o ser humano é um ser bem egoísta, pois seja uma propriedade exclusiva dele, ele irá se preocupar com a qualidade, como no exemplo do vídeo, o gado. Infelizmente caso haja um espaço em comum acontecerá o "tragedy of the commons" que seria mesmo sabendo de que o abuso daquele espaço traga prejuízos, as pessoas não irão parar de explorar, pois justamente pensam que se elas pararem de fazer isso, outras pessoas virão e fazer a mesma coisa e elas apenas perderão a oportunidade de explorar mais ainda, portanto uma solução que o vídeo do khan acadmey dá seria o governo intervir de alguma forma. Infelizmente hoje a ganância toma conta das pessoas e quase não existe mais o bom senso.

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  5. Apesar do homem ser inerentemente egoísta, como foi afirmado nos vídeos, é interessante como na internet as pessoas têm um gosto para colaboração. Um dos exemplos citados é do Wikipédia onde as pessoas contribuem sem haver um incentivo financeiro ou acadêmico para tanto.
    É notório o quanto a tecnologia, liberdade e a economia podem ser beneficiadas usando a ideologia de contribuições voluntárias. E, concordando com o que Rafael Francisco falou, esse processo de contribuição coletivo foi essencial para o progresso tecnológico atual.

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  6. Temos vários exemplos reais que mostram que o homem tem uma natureza egoísta. Não importa o que está acontecendo com o próximo, o que importa na verdade é o lucro e é por isso que estamos passando por esses efeitos no clima mundial, recordes sendo batidos de calor e frio em varias partes do mundo. Alguns representantes mundiais se negam acreditar na existência desse fato por egoísmo pois se ele diminuísse a emissão de gás poderia diminuir a receita do país.
    Por outro lado podemos observar contribuições sem nenhum tipo de renda envolvida somente para poder ajudar o próximo e pode-se ver que a tecnologia atual ajuda muito com isso, pois facilita muito na comunicação de tais contribuições.

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  7. A questão dos "commons" é de fato um problema tanto moral quanto ético. Embora vivemos uma cultura bastante individualista ainda assim somos capazes de criar bens comuns sem esperar nada em troca, ou de uma forma cooperativa e sustentável como provou Elinor Ostrom. Vários recursos digitais, ie. Wikipedia, ou até mesmo este blog para uso totalmente compartilhado, estão ai pra mostrar que somos capazes de reverter esse tipo de problema embora seja um problema cultural bem difícil de resolver. Assunto interessante que nunca tinha parado pra pensar a respeito.

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  8. The tragedy of commons é caracterizada quando se tem um recurso que ninguém é dono e todos têm acesso, e esse recurso pode ser esgotado se os consumidores agirem de uma maneira egoísta sem colaborar uns e com os outros. Como não existe algo para regular os consumidores são incentivados a agir segundo o seu interesse próprio já que o consumo de tal recurso traz benefício direto e o custo do consumo desenfreado é dividido entre todos.

    Se encararmos o tráfego da rede como recurso aberto, é difícil em primeira vista enxergar como não é caracterizada uma tragedy of commons e a rede não está sempre sobressaturada. Já que todas as aplicações gostariam de enviar e receber dados de forma instantânea pela internet e não há nenhuma entidade central que controla o tráfego. Como solução, o protocolo TCP aplica um algoritmo de controle de congestão que regula o uso de tráfego baseado em feedback, de forma que se a rede estiver congestionada ou instável o uso de tráfego é diminuído.

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  9. Eu nunca tinha ouvido falar desse conceito de “commons”.
    Fazendo um paralelo com o mundo tecnológico, podemos ver que o crescimento da internet se deve muito a contribuição coletiva da população que tem acesso a essa ferramenta. Temos um exemplo clássico do Wikipedia, mas também temos um exemplo mais recente que é o do Reddit: um site que se considera o “portal inicial” da internet pelo fato de possuir milhares de fóruns que englobam todos os tipos de assuntos e, normalmente, esses fóruns são inicializados com divulgações para conteúdos da web. Ou seja, o site funciona como uma ponte. Além dessas contribuições (usuários anônimos iniciando fóruns com links para conteúdo da web), o site, desde 2008, é uma plataforma open-source. Isto é, o site sobrevive, de todos os lados, através de colaborações coletivas.

    A teoria da “Tragédia dos Commons” é uma situação onde um sistema de recursos compartilhados é usado pelos indivíduos pelos seus respectivos interesses próprios, ignorando o bem comum que aqueles recursos podem fornecer. Melhor dizendo: é uma situação na qual o egoísmo do humano é exaltado, deixando para trás o bem coletivo. Se pararmos pra pensar, isso é algo bem triste de se pensar pelo fato de poder significar um grande retrocesso da humanidade, porém todos sabemos que o ser humano é um animal egoísta de natureza.

    Como foi dito no início, acredito que o avanço da internet se deve bastante por causa de todas as formas de contribuições coletivas e espero que isso continue prevalecendo por bastante tempo.

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  10. Esse olhar trazido por Yochai Benkleré muito interessante. Uma nova visão que mexe com os paradigmas nos quais a nossa sociedade é construída. É sabido que podemos, de forma bastante generalista, classificar a população mundial em dois tipos de sociedade. Uma localizada mais ao ocidente tida como individualista e os povos mais antigo do oriente, como povos intricadamente coletivistas. O contraste define, de fato, essa divisão. Enquanto um grupo sempre visa a realização pessoal, a competição e a resolução de seus próprios problema. O outro grupo se preocupa com o bem-estar coletivo da comunidade ou sociedade, o cooperativismo tem mais ênfase nas conquistas e a resolução de problemas está sempre ligado ao grupo. Se alguém tem um problema, isso é logo entendido como problema do grupo. Claro que com a globalização e os êxodos contemporâneos essa polaridade tem diminuído. Mas é interessante quando Benkler toca no ponto de que toda nossa construção social intelectual, patrimonial e etc. é baseada na premissa do interesse próprio. O que é claramente perceptível nos grupos mais individualistas e essa visão traz consequências sempre desagradáveis para uma grande maioria, e benefícios para uma minoria. Como é bem-posto pelo cientista Garrett Hardin de que se todos no planeta tentassem viver com o padrão das pessoas que vivem nas grandes cidades, o planeta entraria em colapso, impossível de se alcançar tal feito. O grande problema que vejo, é posto pela cientista Elinor Ostrom que alega que problemas complexos necessitam de soluções complexas. Uma mudança de paradigma, como sugerida pelo Benkler, seria uma dessas soluções complexas que só aconteceria a longo prazo e com muito esforço das lideranças em todos os setores e esferas da sociedade.
    Na minha opinião essa mudança só irá se consolidar se os benefícios financeiros provenientes dessa nova atitude venham a se sobrepor aos benefícios do modelo atual. Alimento uma visão pessimista de que, tal mudança posso ser realizada, salva que haja uma calamidade a nível mundial atingindo a todas as esferas da sociedade e tenhamos que realizar a mudança de paradigma de forma a solucionar o problema. Pois, numa sociedade cada vez mais manipulável e midiática creio que seja difícil. Visto a situação atual, na qual a população das grandes metrópoles não tem clara noção do que se passa com os povos que vivem em áreas remotas e em países de extrema pobreza.

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  11. Muito interessante conhecer a pesquisa e visão política da Elinor Ostrom. No exemplo citado por ela, a organização - ainda que mal estruturada - dos Maasai para com suas terras se provou superior ao sistema de reparte de terras que se sucedeu devido a colonização. A partir dai, a crítica que Elinor faz a esse esmagamento das diversas formas de "governanças locais" de fato nos faz repensar sobre a forma com a qual nossa sociedade deveria ser organizada. Seria mesmo um governo simplista e bem estruturado a melhor forma de se administrar todas as nações? Como ela menciona, humanos são complexos, bem como a forma de interagirmos com o ambiente, portanto acredito que essa característica precisa ser levada em conta na hora de se propor uma hierarquia de poder.

    Também não pude evitar traçar um paralelo do tema com o "Prisoner's dilemma", do qual já tinha conhecimento prévio. Em um outro vídeo, onde é explicado esse problema, é citada uma pesquisa interessante. Nela, um grupo de pessoas foi posto para jogar o jogo do prisioneiro entre si diversas vezes e com diferentes companheiros. Notou-se que maioria dos participantes escolheu a opção de colaborar ao menos uma vez. Ou seja, apesar do viés pessimista embutido no problema do Open Access, seres humanos tendem a pensar e agir pelo bem do grupo, mesmo quando a comunicação entre os envolvidos não é possível. Posso estar parecendo utópico, mas acredito que grande problemas da nossa sociedade podem ser resolvidos baseados nessa evidência de uma "cooperação coletiva inata".

    Vídeo sobre o "Prisoner's dilemma":
    https://www.youtube.com/watch?v=t9Lo2fgxWHw

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  12. O conceito de tragedy of the commons pode ser aplicado em diversas áreas, tecnologia, agricultura, exploração animal e mineral, entre outras. Quando se trata de tecnologia, o exemplo que me vem primeiro na cabeça é o de uso de recursos de rede, podemos tomar como exemplo o sig@, o sistema de gerenciamento de matrículas da UFPE. Todos sabemos que quando o período de matrícula está chegando perto, o sig@ fica quase impossível de entrar por causa do grande número de alunos tentando entrar nele ao mesmo tempo. Podemos pensar no sig@ como um sistema de livre acesso para os alunos da UFPE, todos querem desfrutar dos seus serviços ao mesmo tempo e isso acaba prejudicando todos os usuários pela falta de controle ao seu acesso.

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  13. A "Tragedy of Commons" acontece nas mais diversas situações, e acontece pelo egoísmo ser inerente ao ser humano, este que prioriza o bem estar próprio, ao bem comum. É interessante porém, ver que em certas situações as pessoas se unem em torno de uma causa, ou para ajudar alguém, e isso se potencializou após a internet. Em várias redes sociais vemos grupos de pessoas mobilizados para ajudar o próximo, em várias situações. Um exemplo dessa mobilização pôde ser visto no programa "Fantástico" do dia 16/04/2017, onde através de um grupo do Facebook, uma mulher venezuelana com problemas cardíacos graves conseguiu um novo marcapasso, e cirurgia cardíaca de graça no Brasil. É muito bom, ver como neste, e em vários outros casos, a internet tem servido para fomentar boas ações, apesar do egoísmo humano.

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  14. Um bom exemplo da tragédia dos comuns é a poluição dos oceanos causada por diversos países, pois ninguém tem jurisdição sobre todo o oceano, fazendo com que cada governo trate o lixo jogado no mar de acordo com suas leis. Isso causa acúmulo de lixo no centro de correntes marítimas, arruinando o ecossistema.

    Para se configurar uma "tragedy of commons" é necessário que não exista um consenso entre seus usuários, ou seja, a melhor forma de proteger um ambiente ou recurso seria regulamentá-lo, através de um agente regulador ou entre um acordo entre as partes. Não permitir que esse problema aconteça é vital ao meio ambiente pois este é um dos mais afetados por esta situação.

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  15. Interessante ver que existe uma possibilidade de se tentar evitar essa "Tragedy of Commons", aplicando ao meio, uma comunicação entre as partes , e assim, tentar organizar o todo, sem prejudicar o individual. Porém, como já foi dito em outros comentários, é uma coisa difícil para o ser humano, pensar no benefício coletivo, em detrimento do seu. É ter fé que um dia a gente evolua.

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  16. A tragédia dos comuns me lembra de teoria dos jogos, se num jogo onde não há comunicação entre os indivíduos, eles procurarão o melhor pra si. Mesmo que isso leve a tomar ações que prejudicarão a todos, porém se todos agirem dessa forma, todos serão mais prejudicados. Por outro lado, se cada um tivesse tomado uma ação mais altruísta, todos teriam se beneficiado mais, assim como o dilema dos prisioneiros.
    No caso do campo com as cabras a ação mais egoísta é criar o maior número de cabras possíveis, mesmo que isso comprometa o campo nos próximos anos, pois como os vizinhos não se comunicam, nada garantirá que os outros não façam o mesmo, como resultado o campo secará em pouco tempo.
    Mas ainda pensando em teoria dos jogos, em jogos cooperativos repetitivos e punitivos, onde a decisão deverá ser tomada sucessivas vezes, todos tendem a se comportar de uma maneira mais altruísta porque simplesmente se refletirá na máxima vantagem individual. No caso das cabras, por exemplo, imagine que há 2 produtores, um altruísta e outro extremamente egoísta. O altruísta vai criar o número máximo ideal/2 e o egoísta vai criar além do indicado, daí como resultado, o campo vai ficar improdutivo por 2 anos por exemplo, daí na próxima rodada, o altruísta pensa que finalmente o egoísta aprendeu a lição e repete a criar o número máximo ideal/2, mas o egoísta continua com a mesma atitude, como resultado o campo vai ficar improdutivo por mais 2 anos, após sucessivas rodadas, o altruísta passa a criar a mesma quantidade do egoísta e como resultado o campo fica improdutivo por 5 anos, após mais algumas rodadas, o egoísta vai começar a criar a capacidade recomendada, ou seja, tomar a atitude mais altruísta, pois isso levará ele a ter o melhor resultado individual que é ter sua criação continuamente. Na prática, o egoísta é forçado a praticar a ação mais altruísta pois ele se beneficiará mais.
    Dessa forma, a tragédia dos comuns tendem a ser soluciona por si só, porém o problema é que possa ser que o número de interações nunca seja alcançado ou seja demasiadamente custoso, nesse caso os produtores podem morrer de fome nos períodos de campos improdutivos. A vantagem é que ao contrário dos jogos cooperativos, os indivíduos podem [ e devem] se comunicar. Dessa maneira eles podem combinar resultados e conscientizar.
    Dessa forma, para o bem comum e individual, os integrantes que compartilham recursos com Open Access, devem se conscientizar e combinar as ações de modo maximizem as vantagens individuais e perpetuem os benefícios antes que o grupo se prejudique e possivelmente se extinga.

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