quarta-feira, 19 de abril de 2017

Tecnologia, Lei e Sociedade (2017.1) (19/04): "Mercadores da Atenção, Termos de Serviço e o Preço do Gratuito"

Leitura:
Does Advertising Ruin Everything?
Review: ‘The Attention Merchants’ Dissects the Battle for Clicks and Eyeballs
Review: Tim Wu’s The Attention Merchants charts the battle for our mental landscape

Audiovisual:
Tim Wu: "The Attention Merchants" | Talks at Google
Advertising Hazards: Your Attention is a Commodity That Can Be Manipulated | Tim Wu
The Open Mind: Laws of the Internet - Tim Wu
Sujeito a termos e condições [ Documentário] — Legendado
The Economics of Attention

17 comentários:

  1. Considerando que anunciar é uma atividade lucrativo, já que é uma pratica bastante difundida em empresas privadas (se não fosse, com certeza não faria), me faz pensar quem realmente paga a conta? Na prática, essa vontade e necessidade implantada, nos faz comprarmos mais e pior: menos dinheiro, mais consumismo, possivelmente mais lixo, mais recursos naturais explorados. Daí proponho um teste a ser feito: dois grupos de indivíduos A e B, ambos com mesmas médias salariais, só que A com uma verba extra patrocinada por marcas com a condição de serem mais expostas a publicidade. Qual grupo teria uma qualidade de vida melhor? Talvez o grupo A, mesmo ganhando mais, gaste mais, a ponto de não valer a pena. Talvez os serviços grátis custem mais caro do que imaginamos.
    Apesar de tudo isso, eu já me peguei pensando, que era imune a isso tudo, que nada poderia me influenciar, que só compro algo por minha vontade. E só os outros era influenciado. Será? Sinceramente eu não teria como saber. Como ter certeza de que não esteja sendo influenciado e/ou manipulado, afinal a premissa de ser enganado é achar que não está sendo. Daí faço um exercício de reflexão e observação: o quanto de lixo gerado ou coisas que doou que não foram plenamente usadas, daí contabilizo o quanto de dinheiro poderia ter economizado e considerando que tempo é dinheiro, afinal num trabalho você troca horas do seu tempo por dinheiro, o quanto de tempo gosto futilmente?
    Daí vem a pergunta principal, será se invés de ter comprado algo inutil, nao seria melhor ter aproveitado meu dinheiro/tempo de outra forma? Disso, inicialmente você fica com raiva de você mesmo e depois promove um exercício de reflexão cada vez antes de comprar. Porém mesmo assim de vez em quando você ainda cai.Também reconheço que não podemos culpar os anúncios por tudo.

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  2. Contrapondo o ponto de Felipe, eu acredito que é impossível ser puramente racional qnd lidamos com compras. Em um documentário chamado Century of the self(https://en.wikipedia.org/wiki/The_Century_of_the_Self) é possível ver claramente que o fato de anuncios ajudarem em compras foi uma descoberta da psicologia e não um golpe inventado para nos enganar. A descoberta é que: quando anuncios simplesmente mostram pontos positivos e negativos de um produto, não nos sentimos satisfeitos as vezes mesmo comprando algo que comparamos como melhor. Esse efeito é mais claramente notável quanto mais escolhas temos, ideia eternizada por Barry Schwartz no seu TED talk (https://www.ted.com/talks/barry_schwartz_on_the_paradox_of_choice).

    Sem mencionar o que foi dito em sala, que anuncio ainda é a forma mais rentável que se conhece de rentabilizar conteúdo, que sem eles muitas obras geradas pelo poder generativo da internet nunca gerariam retorno para seus donos e corriam o risco de morrer muito antes. Dessa forma talvez a discussão não seja se deveríamos ter propaganda ou não, e sim sobre como podemos ganhar os benefícios que a propaganda nos trás (realização pessoal, distribuição massiva de conteúdo, entre outros) sem atrelar isso ao consumismo e consequente depredação do meio ambiente.

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  3. Propaganda possibilita o uso gratuito e democrático de diversos produtos. Desde televisão a ferramentas de busca. Direta ou indiretamente isso possibilita o acesso a informação de forma ampla. Entretanto cada vez mais o anúncio na tentativa de ser mais efetivo tenta segmentar mais sua audiência e para tal precisa coletar dados dos indivíduos rastreando-os pela internet, sem que o usuário perceba.

    Para muitos isso é uma violação da privacidade, que não pode ser tolerada. Hoje há um grande comércio de dados de usuários. Alguns serviços já aparecem para contrapor essa visão como Netflix, e a versão premium do Spotify, ou seja o usuário paga uma mensalidade em troca de não receber propagandas. Mas mesmos nos serviços pagos, dados sobre sua navegação são coletados a todo momento para tentar melhorar sua experiência dentro da plataforma e lhe reter como cliente.

    Até que modelos de negócios viáveis que permitam privacidade ou ausência de propagandas apareçam, estaremos reféns desse tipo de rastreamento se quisermos usar os serviços disponíveis na web. A segunda opção e não utilizar esses serviços ou tentar mascarar o seu uso da rede com ferramentas próprias para isso.

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  4. Na minha opinião, a propaganda é um mal necessário visto que é através delas que nós temos tantos serviços "gratuitos" disponíveis na internet, como por exemplo o google que é um serviço essencial na vida/trabalho de quase todas as pessoas.
    O problema que eu vejo nisso são os meios que são usados para que essas propagandas sejam cada vez mais direcionadas aos seus usuários de interesse, pois muitos dados sobre os usuários são coletados e as vezes até sem o consentimento do mesmo. Outro problema é o jeito que essas propagandas são entregues, as vezes tornando certos serviços/aplicativos difíceis ou desconfortáveis de usar.
    Eu concordo com rafael quando ele diz que a solução para esse problema é a criação de novos modelos de negócios. Mas também acredito que soluções que mesclem privacidade, consentimento e obtenção de dados possam ser criadas.

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  5. Essa é uma discussão em que se parece estar dando "murro em ponta de faca". De um lado, o uso gratuito de vários serviços. Do outro, o retorno que os fornecedores precisam para manter o funcionamento. Ambas vertentes são conflitantes e, também, necessárias no mundo em que estamos hoje. A impressão que tenho é parecida com o que Tim Wu cita em um dos vídeos: estamos presenciando uma "revolta" contra a propaganda excessiva. É preocupante pensar no crescimento e na permissividade que os anúncios tiveram no mundo tecnológico nos últimos anos, sobretudo na internet. Esse problema precisa de intervencoes urgentes e paliativas, mas sua solução ainda não está a vista, creio eu. A torcida é que essa indignação nos traga novas maneiras de organizar negócios para serviços gratuitos de maneira economicamente sustentável.

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  6. Eu vejo vários lados nesse tema.
    As propagandas, realmente, podem acabar atrapalhando/estragando a experiência do usuário naquela determinada aplicação. É exatamente como Eduardo falou: tudo vai depender de como essas propagandas serão entregues. Concordo que é necessário a criação de um novo modelo de negócios e que a entrega desses anúncios seja feita de algum modo mais criativo, limpo e que a ideia que a propaganda está tentando passar seja realizada de maneira objetiva.

    É compreensível o discurso de Tim Wu quando ele fala “We have to get over our addiction to free stuff. Suck it up and pay”. Se nós queremos uma entrega de serviço melhor, por que não pagar por isso? Se eu quero que minha navegação no Instagram não seja afetada por aqueles posts patrocinados, por que não pagar uma quantia simbólica para assegurar que terei a melhor entrega possível? Por outro lado, como fica a história da inclusão digital? Claro, temos o caso de pessoas muito ricas que gostam de gastar e gostam de mostrar que estão gastando. Elas não teriam problemas em pagar por todos os serviços que, hoje, são de graça. Porém, podemos ver aqui no Brasil mesmo – onde há uma grande desigualdade social – que existe muitas pessoas que não possuem esse tipo de privilégio. Elas deixariam de usar esses serviços? E a democratização dos meios digitais?

    Outra coisa que me chamou atenção foi: nós sempre estivemos imersos nesse mundo dos anúncios. Temos algumas emissoras de televisão da rede aberta que, em certos momentos, têm intervalos comerciais com duração de +5 minutos. Quando saímos de casa, temos outdoors em todos os lugares da cidade, temos propagandas visuais em ônibus/carros, temos carros fazendo anúncios sonoros, entre outros.
    Por que o incômodo só está surgindo agora que essa “invasão de anúncios” está acontecendo na web/aplicativos? É um ponto a se pensar.

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  7. A propaganda é a principal forma de monetizar serviços que são gratuitos para a população, serviços que muitas vezes não tem uma versão paga, ou "premium", e que tem um custo de manutenção para as empresas que fornecem esses serviços. Em minha opinião, é uma forma justa de monetização, o problema se dá pela forma com a qual a propaganda é feita atualmente. Grandes empresas como Facebook e Google coletam vários dados de seus usuários, dados esses que muitas vezes os usuários não concordariam em compartilhar, mas que ao apertar o botão de "Aceitar os termos de serviço" acabam cedendo sem perceber. Histórico de pesquisas, sites acessados, e outros dados são coletados, e magicamente, milhares de anúncios de itens sobre os quais você pesquisou começam a aparecer em vários sites que você visita. É necessário que essas empresas adotem uma política mais transparente de compartilhamento de dados do usuário, para que cada um possa definir se deseja compartilhar, e caso desejem, quais dados podem ser compartilhados.

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  8. É um fato que nada sai de graça, principalmente na rede, onde muitas coisas são maqueadas e de difícil percepção para o usuário leigo do dia a dia. Olhando por um lado é entendível, e de certo modo aceitável, que dados de usuários sejam coletados e usados para gerar renda através de propagandas, já que a internet é uma ferramenta “gratuita”. O problema é o uso que se faz desses dados e que dados são esses realmente utilizados, tornando-se uma mercadoria de venda/troca entre várias empresas que visam principalmente o lucro. É o preço que temos que pagar para ver vídeos no YouTube, interagir no Facebook, trocar informações/ideias no StackOverflow, entre outros sites que sobrevivem geralmente da renda gerada pelas propagandas.
    O ruim disso tudo é que todo perfil de usuário criado baseando-se nestes dados, que não deixam de ser ótimos para direcionar conteúdos realmente interessantes ao mesmo, acaba por limitá-lo ao interesse próprio sem sugerir novas ideias, novos conhecimentos etc… mantendo o usuário em uma espécie de bolha.

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  9. Infelizmente para os usuários, conteúdo sempre vem com um custo associado e na Web na maior parte das vezes esse custo é a sua atenção. Pessoalmente eu uso AdBlock e coloco as páginas na qual eu gostaria de suportar no whitelist. Ultimamente eu venho observando que os número de páginas que detectam que o usuário está usando algum tipo de bloqueador de propagandas e se recusam a oferecer o conteúdo está aumentando, por exemplo a review do livro do Tim Wu no "The Globe And Mail" o que é um pouco irônico. Além disso percebo um número crescente de clickbaits e notícias falsas o que é terrível para o usuário. Pelo que pude observar o modelo de monetização está cada dia mais agressivo.

    Em minha opinião um modelo de negócio freemium como do Spotify que oferece conteúdo normalmente com a presença de ads ou pago sem ads é uma boa opção para o consumidor e a empresa. Porém, esse tipo de modelo de subscrição paga não é válida para todo tipo de conteúdo da web, no caso da Google por exemplo eu acho que a presença de ads são inevitáveis pelo menos até que se pense em um novo modelo de monetização.

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  10. As propagandas webs para muitos sites são vitais para se manter, grandes sites como por exemplo o youtube, antes que não possuia propaganda, hoje com vários acessos, achou um meio de monetizar com propagandas e eu acho essa maneira bem interessante, já que as propagandas do youtube não chegam a ser tão invasivas, assim como o Spotify, que oferece um serviço de qualidade e gratuito, porém, com propaganda e se a pessoa quiser, pode assinar pagando uma pequena taxa ao mês e não terá mais propaganda. O grande problema, são outros tipos de propagandas que são muito invasivas, como por exemplo: emails que chegam todos os dias que propagandas de sites que a pessoa nem conhece e nem sabe como descobriram o email dela, outro exemplo são apps que são infestados de propagandas invasivas. Muitas dessas plataformas coletam informações e informações é o novo dinheiro, como muitos gostam de falar e de uma certa forma també, concordo. A internet está cheia de propagandas invasivas e usuários tendo dados coletados sem permissão, infelizmente.

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  11. A maneira como a tecnologia permitiu anuncio tão direcionados, é ao mesmo tempo extraordinário e aterrorizante. Como não seria bom se ao desejar tal produto, diversos competidores pudessem mostrar para nós seus preços e benefícios, de forma com que encontrar o melhor se tornasse uma atividade sem esforço. Mas não é bem isso que as empresas fazem com os dados que coletam online. A verdade é que nossos dados são primeiramente adquiridos de formas questionáveis, onde na maioria das vezes não sabemos que estamos dando permissão, ficando o consentimento escondido dentro de centenas de páginas de um termos de serviço que parece ter sido escrito propositalmente de uma forma que desencorajasse as pessoas a ler. Ao clicar em “aceito”, sem ler o documento, em muitos casos as pessoas parecem dar um voto de confiança, que o que quer que esteja escrito no termo não seria algo que pudesse ser prejudicial para a mesma, de forma com que se fosse, alguma instituição, como o governo iria intervir. Mas quando o próprio governo esquece de proteger essas pessoas, e passam a proteger os “malfeitores” a quem o público médio pode recorrer?
    Psicólogos no Brasil são aconselhados a evitar entrar em contato com seus pacientes por redes sociais, mas basta que um novo paciente atenda algumas consultas com seu smartphone no bolso, que logo logo a sugestão de amizade aparece para ambos. Quais seriam os limites desse mercado, se é que eles existem?

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  12. A facilidade e a gratuidade de acesso a qualquer tipo de conteúdo disponível na internet, nos faz pensar em quem está pagando para que tenhamos isso? Como pode ter tanta coisa disponível gratuitamente?
    Bom, na verdade o que pagamos por isso tudo é muitas vezes desconhecido por nós mesmos, tornando nossas informações pessoais, localização, sites comumente acessados, etc, uma moeda de troca. Em sites como Youtube, por exemplo, é usado a publicidade como forma de monetização da plataforma.
    Apesar de muitas vezes não sabermos de que forma estamos direta ou indiretamente “pagando” por utilizar alguns serviços ou acessar algum conteúdo, nós consentimos pagar quando aceitamos, por exemplo, os termos de serviços de algumas aplicações.
    O que eu gostaria que fosse feito era que esses termos pudessem ser mais sintetizados para o usuário, mostrando com clareza quais informações nossas estão sendo vendidas para propagandas e afins.

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  13. Nada na web é grátis. Cada vez mais serviços como facebook e google se utilizam da informação gerada por seus usuários para faturar seu dinheiro, é um negócio muito lucrativo, visto que essas são as empresas que mais lucram no mundo atualmente. Com o aumento da busca pelo que cada usuário gosta empresas se utilizam de vários artifícios para descobrir sua localização, preferência de comida, lojas na qual se quer comprar, esse modelo, na minha opinião, não consegue mais ser alterado pois as pessoas já se acostumaram a utilizar esses serviços de "graça" e não aceitariam muito bem a ideia de pagar por algo que a pouco tempo atrás foi de gratuito. É muito difícil se livrar desse modelo de negócio depois que a empresa se especializa, eu gostaria que essa busca por informação não levasse a invasões de privacidade, mas não é isso que acontece. Cada vez mais a privacidade do usuário final diminui para que as empresas possam se manter e entregar serviços a seus clientes.

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  14. A propaganda e anúncios estão sendo muito utilizada na internet, tanto para divulgar sua marca ou para monetizar tal conteúdo.
    Então, mas "para onde vai esse dinheiro?", no caso do youtube sabemos que uma parte vai para provedor do conteúdo. Entrando nesse contexto a pouco mais de um mês o site da Wall Street Journal lançou a seguinte matéria "Google’s YouTube Has Continued Showing Brands’ Ads With Racist and Other Objectionable Videos" (https://goo.gl/Lmy2Yu), na qual eles alegam que tinha propaganda de marcas famosas em videos preconceituosos. Lendo isso e vendo alguns formadores de opiniões me veio um questionamento "Até onde é válido ter propaganda sem o consentimento do usuário?".
    Acredito que deveria existir termos para que o usuário decidiria o que "pagar" ou não, da mesma forma que Arthur Bezerra faz no qual ele libera os site que podem mostrar propaganda.

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  15. Acho que a necessidade de chamar atenção excessiva prejudica alguns sites pois fica difícil de se concentrar quando há várias coisas piscando e fazendo barulho em sua tela. Em sites de estudo por exemplo, onde você necessita de um atenção especial para entender o assunto esses anúncios irritam bastante. Vi um estudo interessante no qual atribuía a falta de foco das novas gerações a esses anúncios.

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  16. Acho que é um mal necessário, e que deve existir sempre a possibilidade de o usuário decidir se quer usar o serviço de forma "gratuita" ou se gostaria de pagar alguma quantia para usar o serviço livre de propaganda e anúncios.

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  17. Esse tema é peculiar pois temos que ter em vista que, por exemplo, os anuncios que aparecem estão pagando o conteudo gratuito que nos acessamos, logo tentar bloquear tais empresas de fazerem esse tipo de coisa não estaria desincentivando os criadores de conteudos como por exeomplo os youtubers que oferecem aulas, palestras e etc de forma gratuita ? é uma linha tênue a que estamos debatendo, porém de outro lado temos o conceito de propaganda excessiva/agressiva que acaba tentando atrair a atenção do leitor de qualquer forma, podendo prejudicar a experiencia do usuario na plataforma do advertising. Existe uma iniciativa que sugere como deveriam ser os ads "amigaveis ao usuario" para mais infomações, segue o link: https://www.betterads.org/

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