quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Tecnologia, Lei e Sociedade (2015.2) (07/10): "Os Commons e a Produção Social"

Leitura:
Tragédia dos comuns
Elinor Ostrom
Yochai Benkler

Audiovisual:
Tragedy of the Commons | The Problem with Open Access
Tragedy of the Commons
Sem Fronteiras - Elinor Ostrom, a vencedora do Nobel de Economia
The idea of the commons and the future of capitalism
2010 Lee Kuan Yew School of Public Policy - Beyond Markets and States

10 comentários:

  1. Como assunto de aulas anteriores, esforços colaborativos para o desenvolvimento dos diversos aspectos da vida humana são sempre vistos com bons olhos. A importância de que haja cooperação na construção de uma realidade melhor em algum contexto, sobretudo quando existe a consciência de um bem comum, é de grande valor e impulsiona, ao meu ver, a humanidade a manter a sua consciência coletivista. No entanto, em alguns contextos, a análise deve ser feita de maneira mais cuidadosa. Foi o que percebi ao conhecer a teoria da Tragédia dos Comuns, proposta por William Lloyd, que a menciona como uma “armadilha social”, visto que a ação individualista e a superexploração de um meio de recursos limitados pode facilmente comprometer o declínio da construção social e de sua sobrevivência. Impressionou-me muito a teoria do Ensaio de Gardim, onde de maneira ilustrativa, ele apresenta pontos positivos e negativos de pastores de um rebanho que querem lucrar com suas ovelhas, mas podem se prejudicar, caso não haja uma exploração bem gerenciada e balanceada.
    No tocante a gerenciamento de situações como essa, achei bastante conveniente o que propôs Yochai Benkler, quanto ao gerenciamento de recursos em ambientes de rede. Ele afirma que aplicações Creative Commons, Wikipedia e Software Livre, são de grande valor para a manutenção de um ambiente de rede mais forte e de boas expectativas. Ele usa o termo “economia de informação em rede” para caracterizar justamente esse sistema descentralizado, livre e aberto, que são atuantes independentemente de estratégias a nível de mercado.
    E ao tratar de conceitos econômicos e políticos, achei muito legal os pontos de vista da Elionor Ostrom, a 1ª mulher a ganhar o Prêmio Nobel da Economia. Ela apontou alguns princípios para ambientes ou plataformas que se utilizam de estratégias para gerenciamento de um bem comum, onde as que eu achei mais interessantes foram: (i) estabelecer limites bem definidos de consumo; (ii) regras de apropriação de acordo com as condições locais; (iii) decisão conjunta das ações sobre o ambiente; (iv) mecanismos de resolução de conflitos.
    Acho bastante interessante as proposas de Jonh Nash, com a Teoria dos Jogos, bastante apropriada para esse contexto. No filme, ele faz a seguinte adaptação da colacação de Adam Smith: “O melhor resultado acontece quando todo mundo do grupo faz aquilo que é melhor para si e para o grupo como um todo”. Grande colocação!

    ResponderExcluir
  2. Eu achei muito interessante e fiquei surpreso ao ver como os avanços e os pensamentos colaborativos da internet influenciam as mais diversas áreas. Ideias como o Wikipedia e diversas aplicações de software livre funcionando e dando certo é algo que chama a atenção para que coisas desse tipo podem sim funcionar apesar de muitos pensarem no ser humano como "inerentemente egoísta".

    ResponderExcluir
  3. Um das coisas mais importante coisas que eu identifiquei na aula anterior, é que a comunicação é a arma principal para que os recursos comuns sejam bem aproveitados. Quando alguém explora um recurso comum da formar que quer e vem outra pessoa e faz o mesmo sem nenhum controle, muito provavelmente esse recurso ira acabar e todos serão prejudicados. Uma das causas por muito tempo apontadas pra isso era que pelo fato de ser aberto e não ser ou ser de todo mundo, ninguém se importaria e usaria o recurso o quanto quisesse. Mas, felizmente, Elinor provou que existe a possibilidade de mesmo sendo aberto, mesmo sendo comum a todos, há maneiras de existir uma utilização do recurso de forma coorperativa e sustentável. Trazendo pra o lado da Computação a internet, o Wikipedia são bons exemplos.

    ResponderExcluir
  4. É interessante notar que a informação compartilhada é um desejo das pessoas. Algo que esteja em segredo torna mais forte a ambição do ser humano para o conhecimento. Acho interessante o conhecimento compartilhado, mesmo com o fato de verificar a confiabilidade da informação e de sistemas. São ideias como a Wikipedia e a domínios públicos que tornam o acesso mais fácil e de constante evolução.

    ResponderExcluir
  5. Não há muito o que se falar sobre essa questão dos "commons". Realmente é um problema moral e ético das pessoas. Eu acho que na computação os problemas de commons são menos abundantes do que esses no meio físico, afinal muitos dos recursos digitais são "infinitos" (vale salientar o "entre aspas"). A world wid web é um exemplo de bem comum, ou até mesmo esse blog da cadeira pode ser visto como um bem comum, cabe a nós termos senso de moral e ética para que não vire uma bagunça. Uma percepção importante é a ligação que esse tema tem com vários outros temas de outras aulas. Todos estão ligados por valores coletivistas e democráticos. No mais é um assunto bastante comum e que eu ainda não tinha ouvido falar, mesmo sendo tão óbvio, valeu o aprendizado, é algo que não deve ser comum em aprender em um curso de computação. Parabéns!

    ResponderExcluir
  6. Esse é um problema bastante relevante nas várias áreas onde o compartilhamento de recursos acontece, de forma explícita ou não. A solução geral, que deve funcionar em todos os casos, caso seja possível, é a comunicação efetiva baseada em colaboração. No caso de desenvolvimento de software porém, se considerarmos o tempo de desenvolvimento de uma equipe como o recurso compartilhado, podemos ver esse efeito se mostrar na forma de abuso desse tempo através de várias solicitações de atividades chegando ao mesmo tempo. Numa situação onde as atividades vem de diferentes fontes, é possível que aconteça uma superutilização do recurso, e geral queda no desempenho.

    Esse é um problema que pode ser resolvido inocentemente pela priorização dessas tarefas. Porém a cultura do imediatismo em empresas nas quais qualquer coisa é marcada como “urgente”, e dado a nossa sociedade tecnológica na qual estamos acostumados a receber resultados quase instantâneos pela internet, esse problema toma uma diferente conotação. Nesses casos, a experiência que tive é de além de priorizar de forma justa e clara, é necessário também dar as fontes de tarefas uma visão holística da situação, para que fique mais claro as razões por trás de cada decisão. Essa solução não é a melhor em todos os casos, mas tende a funcionar quando se tem membros de equipes bem alinhados com os objetivos gerais da empresa. Esse método foi utilizado com sucesso em uma empresa que trabalhei, e através disso foram evitadas situações desconfortáveis. No fim, é tudo uma questão de comunicação efetiva.

    ResponderExcluir
  7. Eu acredito que a internet mostra o melhor e o pior nas pessoas. O pior pois com o anonimato é possível fazer ataques diretos e estar completamente isento de qualquer consequência.

    Porém, acredito que o positivo é muito maior que o negativo. A própria infra-estrutura da internet depende em sermos "Bom" ao nossos vizinhos e fornecemos as informações. Dividimos conhecimento grátis e nos unimos mundialmente por causas com que simpatizamos.

    Criamos projetos Open Source onde pessoas compartilham ideias e trabalham juntas sem mesmo se conhecerem. Sites como quickstarter conseguem fundar ideias que antes não seriam capazes de existir. Produtos simples, "bestas", aquelas coisas que sempre quizemos ter mais nenhuma empresa produziu. Camapanhas de arrecadação de fundos para pesquisa e caridade, entre muitas outras iniciativas que mostram a capacidade humana para coisas boas.

    A quantidade de Commons presente na internet é enorme. Com ideais simples e antigos que puderam ser realizados em uma escala global graças a ferramenta. Por mais que vivemos numa cultura bastante individualista, isso nos mostra que estamos dispostos a criar bens comuns sem esperar nada em troca. O Wikipedia é a maior prova disso. A satisfação de saber que se fez o bem e que se contribuiu a algo bom, se prova suficiente.

    ResponderExcluir
  8. O texto "Tragédia dos comuns" disponivel na Wikipedia relata como algumas autoridades usam o artificio a obra de Hardin para "justificar" a privatizacao de recursos que sao comunitarios. Eu penso que certamente toda a questao que estamos discutindo se enquadra nesse contexto.
    A questao eh cuidar de recursos para evitar a superexploracao mas como isso aconteceria na internet? O que ocorre certamente eh uma interpretacao erronea sobre a qual governo e outras parcelas interessadas insistem em construir seus alicerces para privatizar o que eh de todos!

    Achei esse artigo bem interessante sobre o contrario da tragedia dos commons, que seria a tragedia dos anticommons (http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2958.pdf) e acho que a leitura eh valida para entender mais acerca dessa questao.

    ResponderExcluir
  9. É um fato que quanto mais usamos usamos a internet, mais o excesso de inscrição vai piorando progressivamente. Nós não temos como prever quando o uso excessivo dos comuns vai acabar deteriorando a experiência para a maioria dos usuários, porém sabemos que um dia isso irá acontecer. Acredito que os usuários da internet deveriam agir o mais rápido possível para evitar que isso aconteça afim de proteger o interesse de todos. Sendo um interesse comum, toda a comunidade da internet deveria se unir para lidar com esse problema. Acredito que o problema de comuns da internet seja tão importante quanto o problema de aquecimento global, já que o aquecimento global também é um problema de bens comuns. As vezes as pessoas que querem acessar apenas alguns dados pagam o preço de quem quer baixar grandes quantidades de dados. A grande questão é se deveriam ser proporcionais ou todos devem ter direito às mesmas bandas não importa para o que a esteja usando.

    ResponderExcluir
  10. O problema dos bens comuns, aplicado a internet, pode ser usado tentar controlar a internet.

    Hoje em dia muitas pessoas se aproveitam do fato da rede ser livre para fazer oque bem quiser, seja para o bem ou para o mal. E essa falta de controle acaba questionando na cabeça dos governantes "Esta na hora de alguém por ordem nisso ai".
    Ai acabamos com a seguinte questão: quem vai ficar de olho? quem vai dizer oque é certo ou errado? Quem mora nos países de "3º mundo" vai ter menos privilégios?

    Certamente esse é um problema MUITO grave, as regiões tidas como de risco sofreriam grandes desvantagens.
    Mas ao meu ver é melhor termos um sistema injusto (e que perceba essas injustiças e tente melhorar) a uma total ruina, destruição, de tudo por mal uso.

    ResponderExcluir